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sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

Greve Geral (estatal)

O lado oitocentista e paródico da greve de hoje - não está em causa o que nela se joga - é um vago halo épico que assombra o rosto de alguns sindicalistas como se estivessem a cruzar-se com o clímax orgástico de uma longa marcha, ou de uma prolongada guerra agora em vésperas de se transformar em revolução vitoriosa. É um tom suavemente viperino, exaltantemente ébrio e propenso à elevação mística dos que desvendam o paraíso atrás do quiosque da esquina. E depois, quero queira quer não, fico a pensar em duas questões: por que razão as greves apenas resultam no (sacrossanto) estado (responsável por 15% do emprego do país)? E... por que razão se escolhe sistematicamente a Sexta-feira como dia de greve (eu não tenho problemas com isso, mas parece que os sindicalistas gostam de lançar a casca de banana para caírem, eles próprios, no chão).
Alguém saberá responder a tais irascíveis questões?