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sábado, 13 de dezembro de 2003

Confusões - 2

Nuno Guerreiro do blogue Rua da Judiaria refere-se ao nosso post "Confusões" e prova que o uso dos símbolos religiosos tem uma motivação que resiste a conjunturas imediatistas. As leis restritivas que tendem a elidi-los arriscam-se, por isso mesmo, a transformar-se em sementes de intolerância. Vejamos uma parte importante da contribuição de Nuno Guerreiro:

Para um rapaz judeu oriundo de uma família ortodoxa “praticante” – e ortodoxos são a esmagadora maioria dos judeus que vivem fora dos Estados Unidos, incluindo os portugueses – usar o kippah é uma obrigação. É um mandamento. Do ponto de vista bíblico, apenas aos sacerdotes do Templo (Kohanim) era requerido que cobrissem a cabeça. Mas o uso de kippot tornou um costume obrigatório que os homens judeus cumprem há quase 2 mil anos. A própria Halakhah (a Lei Judaica) diz: “é proibido andar quatro cúbitos sem cobrir a cabeça.”
No chamado mundo ocidental é costume descobrir a cabeça em sinal de respeito. No judaísmo, cobrir a cabeça é um sinal de respeito. O Talmude sustenta que o propósito do uso de kippot é funcionar como uma recordação constante que Deus está “sobre nós” (Tratado Kiddushin 31a). Acções externas criam consciência interna e o uso de algo simbólico e tangível “sobre nós” reflecte nos homens judeus o sentimento interior de respeito por Deus.


Como já referi, uma coisa são os símbolos religiosos, outra coisa o seu uso. Confundir ambos os planos é cair numa tentação perigosa que poderá pôr em causa, a prazo, a diversidade, a pluralidade, a tolerância e a liberdade nas democracias do ocidente.