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sábado, 13 de setembro de 2003

Esferas e trajectos

Tal como no futebol, onde o jogo se esgota no móbil permanente do passe, entre regras e acaso, também a complexidade da vida contemporânea cada vez mais se esgota, nas comunicações permanentes, entre regras voláteis e a tentação de poder escapar ao aleatório. Nesta medida, eu creio que o futebol se vai tornando, nos nossos dias, numa espécie de grande entreposto-simulacro (ou área de mediação dissimulada) que recebe marcas vincadas das inquietações sociais dominantes, embora imprima também nestas as suas próprias lógicas como bom jogo que é (e de que a vida, muitas vezes, é homóloga parceira). Este raciocínio circular é o da nossa época. Uma época que tem a forma de esfera (tal como o globo ou as regras em feixe) e não mais a forma da conflitualidade linear. Mas... uma esfera, hoje em dia, sempre a roçar a ameaça do seu próprio e às vezes imprevisível trajecto.