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sexta-feira, 8 de agosto de 2003

O fogo é notícia. É natural. É imprevisível, pelo menos no modo como este ele reapareceu. Por outro lado, escapa ao domínio da mão humana e interrompe a cadência habitual do tempo corrente. No século XVI, ainda o considerariam como Segno, isto é, como fenómeno que não se inseria na ordem normal das coisas. Devido a tais rugosidades, os incêndios transformam-se, hoje em dia, logicamente em notícia. Na notícia, por excelência. Contudo, deveria pensar-se por que motivo, na cidade A ou B, ou na região C ou D, não existe qualquer fogo.
Há fogo, noticia-se e critica-se. Não há fogo, não se noticia e não se critica.
Neste último caso, cabem muitas cidades e regiões que estiveram um ano inteiro a investir silenciosamente em trabalho de prevenção e profilaxia. Ninguém fala deste não-dito ? Não terá este último caso, de que não se fala, um mérito que deveria ser, no mínimo, sublinhado ?
Só os apocalipticamente correctos é que não quererão apreciar este outro lado da questão.