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terça-feira, 14 de junho de 2011

Conteúdos - cânone - 4 (espera)

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Quando espero algo ou alguém (ou comunico uma dada espera), faço o que tenho a fazer. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo “espera” me diz sobre o tempo que desagua na ausência de um horizonte.
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As metáforas da espera estão sempre à espreita de Godot e de Penélope: dois modelos baseados na apreensão e no drama que pressupõem a interiorização de um possível e desejado desfecho. Ao preencher-se a duração em função de algo ausente, o presente torna-se presente como nunca. Porque a sua natureza de ‘ainda-não’ vai-se tornando na expectativa de um ‘ainda-nunca’ que ilumina – de um modo oposto à nostalgia – o acontecer do ‘tempo-a-passar’. A espera não é, pois, apenas aguardar. A espera é mais abismada, pois vive sem a leveza que admite uma interpelação ou um corpo regressado em manhã de nevoeiro.