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segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O vestígio da noite

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Uma pasta cheia de folhas de brilho sépio e um amor-perfeito como o crepúsculo - violeta tricolor - literalmente espalmado. O lago no jardim para onde atirei um sapato, tinha três anos e ainda não sentia medo dos cisnes. Um filme quase no fim, a lua branquíssima e o terraço ao meu alcance. Uma buzina no meio da noite. Fecho os olhos e volta a ser o dia em que tudo se dissolveu entre folhas espessas: pétalas, atacadores de seda, flamingos revoltos, aparelhos ópticos, um volante de boca de sapo, lágrimas nos assentos de pele à beira do desfiladeiro e os olhos preenchidos pela comoção. Ou talvez por nada. Tantas abelhas ainda à volta da trepadeira, as telhas despidas e a pasta. Sim: a pasta catalã. Tanto vestígio. Ou talvez apenas o eco. Um eco espalmado, perfeito, dissolvido. Branco. Como a lua.