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quinta-feira, 12 de julho de 2007

Quarto aniversário do Miniscente - 3

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Não existe quase nada, hoje em dia, que eu pretenda exprimir ou silenciar que não acabe por reflectir-se, de um modo ou de outro, na gotejante e compulsiva ordem da blogosfera. É como se a minha máscara se tivesse, a pouco e pouco, transformado em rosto, mas sem que a metamorfose fosse clara ou passível de prova. Uma pele renovada pelo zapping. Um blogger tende, na maior parte das vezes, a ser um réu e um jurado ao mesmo tempo, numa espécie de tribunal ausente – ou simulado – de que apenas sobra um veredicto permanente e irrevogável que modela o presente, relegando a jurisprudência, a memória e sobretudo o futuro para um plano completamente secundário.
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Um blogger é um “Já” (a iminência enquanto corpo) que passou a depender do compasso musical onde se insere: mera nota, mera peça e mera inscrição que julga decidir sobre o seu usufruto, isto é sobre a sua liberdade, tal como um escritor – no tempo em que a literatura se sobrepunha socialmente ao circo das imagens móveis – julgava a morosa maturação da sua escrita laboratorial. Não, nos blogues não há oficina, nem laboratório à moda dos velhos canônes, mas apenas e tão-só linha de montagem, desejo e constrangimento. Três termos num único e reluzente esplendor: linha de montagem como fôlego e actualização; desejo como existência, vínculo e afirmação em rede; e, por fim, constrangimento como imposição, glamour e voragem próprias.
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(continua)
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Este texto é publicado em cinco partes, entre o dia 11 de Julho e o dia do quarto aniversário do Miniscente (15 de Julho).