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sábado, 12 de maio de 2007

Blogues e Meteoros - 30

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(desde anteontem no Expresso online)
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Daqui a cinquenta anos, que vozes reflectirão de modo convincente o início do século XXI português? A voz de Sócrates? As vozes de “A Bela e o Mestre”? A voz de Marcelo, ou o tom analítico das vozes de “A Quadratura do Círculo”?
Não consigo conjecturar. Não faço a mais pequena ideia. Mas parece-me que o tom de análise é sempre o tom mais agastado, mais sujeito a erosão, mais mortificado. E também me parece que o tom do discurso político é sempre uma ferida aberta pela contingência e pelo imediato. Sobrarão, talvez, as pastilhas elásticas de Mourinho, os tiques espontâneos de Pedro Tochas ou as loucuras de Jardim.
~r
(...)
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Pode ser que a voz de Barreto se venha a tornar num ícone do Portugal do início do século XXI. Mas eu desconfio, desconfio profundamente. Apostaria bem mais nas ravinas incontroláveis que ressoam nas vozes de “A Bela e o Mestre”. Essas ravinas não nos dão a forma do nosso país, eu sei. Mas era sobre elas que Eça voltaria a escrever, se fosse vivo.