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quinta-feira, 12 de abril de 2007

Mais um filme sem heróis

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Não tive tempo para acompanhar a entrevista do PM. Mas, para quem viveu na Holanda uma década, seria impensável ver a NOS (televisão pública) alterar a programação do horário nobre para um directo especial (em formato de entrevista) com o PM sobre a dilucidação de um tema específico.
O mais curioso é que o comentador político que ontem ouvi na TSF (Mário Bettencourt Resendes) insistia no cabal "esclarecimento do país" e no facto de o PM "dominar muito bem o meio da televisão". O essencial, no entanto, ficava de lado. Por outras palavras: numa democracia com tradições consistentes - e não tão susceptível ao caudal ilusório das mediações públicas - o tema da formação académica do PM ter-se-ia inevitavelmente discutido no local adequado. O parlamento. Era aí que o PM, por sua iniciativa, devia ter comparecido há já algum tempo. Era aí que as oposições deveriam ter exigido todos os esclarecimentos.
Pelo caminho terão ficado inúmeros aspectos por clarificar, muitas dúvidas, mas também o já habitual aproveitamento político barato e algum espírito leviano de pura denúncia que tem raízes consolidadas no país. Toda esta novela acabou por se converter afinal em mais um filme à portuguesa sem heróis. Carregado de negatividade. Uma "curta metragem" triste com alguns contornos que evocam a expiação ainda em cena na longuíssima metragem da "Casa Pia".
Hoje, os jornais sublinham a "fragilização" - ou não - do PM no termo deste processo (ver primeira página do Público, por exemplo); mas é a "fragilidade" da nossa democracia que mais se terá evidenciado, sem dúvida nenhuma, nas últimas semanas.