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segunda-feira, 19 de março de 2007

Mini-entrevistas/Série II – 141


LC
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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é João Miguel Almeida.
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
No que me diz respeito, um espaço sem limites para expor e trocar ideias. Tendo chegado à adolescência na década de 80, senti falta de uma sociabilidade intelectual que as gerações anteriores viveram em cafés, cineclubes e na militância política. Na melhor das hipóteses, a blogosfera é a versão cibernética e global das tertúlias literárias dos séculos passados. Na pior, um novo interface do veneno que antes circulava em pasquins. Não creio que a blogosfera seja apenas «velho vinho em novas garrafas». O novo meio está também a proporcionar novas formas de comunicação, combinando texto, imagem estática ou em movimento e som.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Não segui nenhum acontecimento apenas através dos blogues. Mas li-os mais intensamente durante os episódios que rodearam a nomeação de Santana Lopes como primeiro-ministro, pois a blogosfera deu-me uma ilusão de que podia não apenas seguir os acontecimentos mas também intervir neles, ao apelar a determinadas tomadas de posição. Talvez esta ilusão, no futuro, se aproxime mais da realidade.
- Qual o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Em 24 de Novembro de 2004 postei no meu obscuro blogue da altura, «E o Esplendor dos Mapas», um obscuro texto intitulado «Uma sentença para K.» Recebi um comentário anónimo: «Segundo uma expressão Sufi, “a liberdade é a ausência de escolhas”. Será que K. não era livre porque não escolhia? Será que a liberdade dele não reside no facto de ele não escolher? Qual será a tarefa mais difícil – escolher ou alcançar a liberdade aceitando a vida tal como ela é?». Vou casar com a autora do comentário.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
A blogosfera alargou as liberdades de expressão e de leitura. Entre o autor e o texto publicado são eliminados intermediários. A nova liberdade não elimina antigos constrangimentos: as da lei e a possibilidade de autores identificados serem sancionados por aquilo que escrevem. Outros constrangimentos resultam da própria dinâmica da escrita no blogue: das cumplicidades que se geram entre blogueadores, da maior responsabilidade que implica uma maior audiência e da necessidade de gerir simultaneamente o escasso tempo de uma vida pessoal e as lides blogosféricas.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira, João Espinho, Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos, Adolfo Mesquita Nunes, João Paulo Sousa, Pedro Ludgero, João Tunes, Miguel Cardina, Paula Cordeiro, Edgar, André Azevedo Alves e Inês Amaral, David Luz, Saboteur e João Miguel Almeida.