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sábado, 17 de março de 2007

A estranha obsessão da Ota (act.)

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A Ota é uma "questão política", diz Mário Lino. Mas o governo é incapaz de inventariar os motivos políticos da escolha. Por outro lado, todos os testemunhos técnicos autorizados (engenharia, orografia, acessibilidades, tráfego aéreo, pilotagem, tempo de construção, custos, etc.) apontam no mesmo sentido: a margem Sul. E eu pergunto: o que fará da Ota uma tal obsessão?
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Creio que há aqui terreno fértil para um forte movimento de opinião na blogosfera.
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Sobre este tema, recebi a seguinte mensagem de MJE:
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Sobre “A estranha obsessão da Ota” ocorre-me dizer o que, em 1999, referiam alguns dos especialistas (entre outras, das áreas de demografia, sociologia urbana, logística e transportes) que estudavam as propostas da Ota v. Rio Frio.
Falavam de algo que traduzirei livremente como sendo um dilema político-demográfico, mais do que logístico-técnico.
Ou seja, em termos de demografia urbana e de simbologia das escolhas turísticas - veja-se Carmelo, “Órbitas da Modernidade”, 1.6.2 e) - 'Fluxo de viajar', p116 e 1.6.3 c) – “O sujeito global entre fluxo e refluxo”, p127 – poder-se-á considerar que a implantação do aeroporto na margem norte do Tejo virá acrescentar população temporária à área norte da NUT Lisboa e Vale do Tejo e, consequentemente, à cidade de Lisboa que carece de movimento cosmopolita para contrabalançar o peso (europeu e turístico) de Madrid e poder vir a ser considerada uma metrópole europeia.
Efectivamente, na actualidade, com os apenas cerca de 600.000 habitantes residentes/nocturnos (800.000 a 1.000.000 diurnos), Lisboa tem reduzido poder de atracção, apesar do folclore urbano que lhe poderá vir a ser incutido com eventuais alterações lexicais tipo Allgarve (Llisboa, L.lisboa, e.Lisboa, Lis.Boa?)
Ao contrário, a implantação na margem sul dará origem, nesse território, a um desenvolvimento exponencial da especulação imobiliária e dos valores demográficos e diminuirá o peso institucional dos 'lugares' oficiais e simbólicos da cidade de Lisboa, que se encontram (quase) arruinados.
Quanto à localização racional para o aeroporto em termos logísticos (onde transdisciplinarmente não se poderia negar a pertinência da demografia) e técnicos, dever-se-ia optar pela margem sul num novo terreno (do Estado) que agora parece surgir em Alcochete...
MJE