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sábado, 14 de outubro de 2006

Nobel

e
Li uma boa parte de A Cidadela Branca do novo prémio Nobel, Orhan Pamuk, e reconheço mais uma vez que há aqui grande teatro de sombras. No fundo, há muito que se sabe que é esta a lógica do Nobel: convocar nomes significativos nos interfaces políticos (com perspectivas também cada vez mais óbvias) em vez de sublinhar a riqueza da intemporalidade literária. Qualquer dos autores que li nas férias de Agosto suplantam de longe a escrita, o plot e a plasticidade do discurso de Pamuk (que pude desvendar até agora, embora a intuição nestas coisas raramente me traia): Banville, Rushdie, Roth, McEwan ou até o por cá mal amado Houellebecq. Nos dias que se seguem - o cortejo já começou - vão aparecer nos ecrãs uns cinzentões glutões a repetir, com ar pleno de verosimilhança, a pertinência da sagesse que prolifera na "Academia" sueca e a intelligentsia ficará de imediato enternecida. É tiro e queda almofadada. Tenho que ver se ganho o Nobel também. Já faltou mais.