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quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 17

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o Miniscente
está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Emanuel Vitorino, Editor da Magna Editora, 27 anos de idade.
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O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
A blogosfera é um fenómeno de massas relativamente recente. Penso que é um fenómeno ainda um pouco “marginal”, pois não tem o impacto de outros meios de informação e divulgação. Mesmo dentro da internet ainda sofre com essa marginalidade, talvez pela quantidade de incontáveis blogs sobre tudo e sobre nada, talvez pelo carácter anónimo de muitos deles, que pode levar aqueles que procuram informação a não terem confiança neste meio da blogosfera. Por outro lado, a blogosfera é um espaço de criação, pois um blog é uma criação do seu titular, condicionada é certo, mas provêm da decisão de alguém em iniciar um projecto.
Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de Blogues?
Concretamente, não me recordo de seguir um acontecimento nacional ou internacional. Tenho, isso sim, o cuidado de recorrer a este meio para obter informações complementares àquelas que obtenho através de outros meios de informação. Para além dessas informações complementares, acompanho a criação literária e artística que é divulgada através da “blogosfera” e que não tem espaço para ser divulgada através de outros meios.
Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Desde há algum tempo que acompanho a criação literária que vai surgindo no ambiente da “blogosfera”, verificando que muita dessa criação tem uma qualidade assinalável dentro do contexto literário nacional. Como tal, e notando que a “blogosfera” é ainda um meio um pouco “marginal” de divulgação, noto que muitos dos “bloguers” anseiam pela publicação e pela divulgação das suas criações num meio mais comum e mais mediático. Iniciei assim um projecto que desse voz e luz a essas criações. A Magna Editora surgiu, também, com esse intuito, ou seja, dar visibilidade aos poetas, aos romancistas, aos contadores de histórias que andam escondidos pela “blogosfera”. Nesse sentido, e como editor da Magna Editora, a “blogosfera” teve e tem uma importância capital na minha vida profissional e pessoal.
Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Penso que neste assunto ainda se fazem algumas confusões quanto ao que é livre, ou não, da expressão através de blogs. Convém distinguir entre liberdade no acesso a um blog e a liberdade no que se publica num blog. Muitas pessoas não são livres de aceder à internet, pois não têm uma vida suficientemente livre para que o possam fazer. Mesmo aqueles que têm acesso à internet têm de o fazer mediados por um conjunto de parcerias que estabelecem as regras desse acesso. Mas não é este tipo de liberdade que está em causa na sua pergunta, antes a liberdade que diz respeito ao que se escreve num blog. E aí penso que a blogosfera é, efectivamente, uma forma de expressão editorialmente livre. É livre nos conteúdos, praticamente todos, na quantidade, na qualidade e em todo o tipo de criação, as barreiras de controle num meio como este são praticamente nulas, e o facto de ser um pouco “marginal” propicia tal situação.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas e António Nunes Pereira e Fernando Negrão. Amanhã: António M. Ferro, estudante, 22 anos.