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quarta-feira, 17 de maio de 2006

Tonalidades & casos - 13

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"O escritor austríaco, de mãe eslovena, Peter Handke, esteve presente no funeral de Milosevic e explicou porquê. Em retaliação, o administrador da Comédie Française, Marcel Bozonnet, resolveu retirar da programação a peça Voyage au pays sonore ou l'art de la question, prevista para 2007 e entretanto em fase de produção, da autoria de Handke. As opiniões políticas de Peter Handke são discutíveis. Ele discute-as. A censura a uma peça de teatro é um acto administrativo, não é um acto de cultura. Que um liberal francês a tome, em nome da indignação, é um sinal inquietante dos tempos."
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Eis o que é uma expressão realmente plástica: a possibilidade de tudo contar e denunciar sem necessitar de mais contextos, nem de dois ou três panos de fundo suplementares. O fundo adere à superfície e faz da única camada que fala um eco para inúmeras vozes. Vantagem dos blogues, pois então (não é apenas no design que a questão dos novos materiais é, hoje em dia, da maior pertinência). Basta depois reentrar pelos links e voltar a entrar, sucessivamente, como o próprio Luís refere noutro post - cito -, entre esse espesso oceano de “claques”, seguindo pelas “maternidades”, pelas verdades “vaginalistas” e pelos pasmos “abdominalistas”. Como um meteorito que não precisa de fôlego: estar em todo o lado ao mesmo tempo, em órbita à própria órbita, disferindo o golpe e ao mesmo tempo areando o risível, comediando o dia a dia, incendiando a ternura escondida, a intimidade próxima, o liberalismo anti-liberal e até as mais do que discutíveis opiniões (políticas) de Peter Handke. Eis o que é uma tonalidade realmente plástica.