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sábado, 24 de setembro de 2005

O suíço de Campo de Ourique (actualizado)
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É este mais ou menos o aspecto do suíço de Campo de Ourique
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Estava a passear o cão e era ainda de manhã cedo. Um suíço – assim se declarou o senhor que, aliás, tinha um óptimo aspecto – estava desesperado. E expressava o seu desespero através de um ar lívido, aflito, transparente. Dizia em Inglês, em Castelhano, tanto fazia: “Perdi o meu saco e fiquei sem documentos, nem dinheiro. A Embaixada está fechada e a polícia (apontando na direcção da esquadra) diz que nada pode fazer. Apenas pedia uns três ou quatro Euros para poder ir para o meu hotel em Setúbal”.
O desespero dos ricos é assim: vale pelo pouco usual, pelo inverosímil, pelo que contém de rara imodéstia.
Com infinita ingenuidade, dou ao homem uns dois euros e meio. No mesmo dia, umas horas depois, vejo-o noutra rua do bairro atrás de uma montra a receber uma nota (sim, era uma nota). E digo-lhe alto, logo que pisa o passeio do outro lado da rua: “Dois euros e cinquenta cêntimos não foram suficientes para regressar ao hotel?”.
O homem abre os braços matendo a compostura. Seja como for, naquele preciso momento um e outro entendemos tudo.
Ontem voltei a vê-lo outra vez, ao longe: recebia duas ou três moedas de um casal bem composto que passeava ao fim da tarde no Jardim da Parada.
Atenção ao suíço de Campo de Ourique; ele anda por lá!
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P.S. - Soube que hoje ao início da tarde, numa pastelaria de Campo de Ourique, o dito Suíço seduzia os pais de uma conhecida personalidade portuguesa (há muito pouco tempo nomeado para um alto cargo da nação). E parece que levou, mais uma vez, a sua avante. Irresistível!