Hostes plumitivas muito actuais - 1
“Até onde te fazem descer, decrépita universidade! Como os filhos das tuas entranhas tuberculosas, servos parricidas, te apertam as cordoveias da garganta até deitares cá fora a língua cheia de injúrias e de parvoíces! Lá te ias arrastando na tua velhice, amparada no preconceito de cinco séculos que são as tuas muletas: e vêm os teus filhos, e, a encontrões de troça ébria do Bairrada, quebram-tas, e tu aí estás estatelada no muladar. E eu, ao perpassar por ti, não voltarei o rosto na repulsão do nojo. Erguer-te-ei; e, pois já agora seria extemporânea tolice conduzir-te à escola, levar-te-ei a um asilo de inválidas. E como o clínico da casa te há-de perguntar o nome e os achaques, responde-lhe que és a Minerva portuguesa com disenteria crónica.”
(Camilo Castelo Branco, S. Miguel de Ceide, 18/05/1883, A Questão da Sebenta em As Polémicas de Camilo – I, Portugália Editora, Lisboa, s/d)