Eugénio de Andrade
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O que diz o mistério não se sabe. O que fica no poema é talvez disso um vestígio, seu sinal maior. Que pouse na penumbra do dia este Canto Rouco, escrito pelo poeta hoje falecido:
CANTO ROUCO
Antes que perca a memória
das pedras do adro,
antes do corpo ser
um só e quebrado
ramo sem água,
devolvei-me o canto
rouco
e desamparado
do harmónio na noite.
Mãe,
desamparado na noite.
(Primeira edição: Editora Limiar - Actividades Gráficas, Lda., Porto, Outubro de 1977)