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sexta-feira, 6 de maio de 2005

Reminiscências - 1

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Uma vez visitei o Eugénio Lisboa em Londres, em meados dos anos oitenta (morava eu então na Holanda), e ele disse-me uma coisa, óbvia afinal, mas que nunca mais esquecerei: “foi em autores que residiram longo tempo fora das fronteiras do país que a língua literária portuguesa mais floresceu”. Deu como exemplo Camões, António Vieira, Eça e Pessoa (podia ter dado outros como o seu próprio, Pessanha, Sá-Carneiro, Miguéis, Sena, Knophly, Macedo, etc…). E lembro-me que Eugénio Lisboa o disse, apesar do seu profundo e congénito amor por Régio.
Este tipo de verdades irrita o português terráqueo, imerso e castiço ainda que, hoje em dia, involuntariamente preso pelo modismo emergente que liga os passeios do S. Luís às dining ideas for all appetites and budgets in the Big Apple! (e que eu, pelo lado que me toca, adoro).

Lembro-me de, há vinte anos, o mesmíssimo pavonear roçar o Frágil, há trinta anos a Opinião, há quarenta anos o Monte Carlo e há cinquenta anos, tinha eu ainda só uns meses de vida, a Brasileira.