Uf!?
Há episódios incríveis numa rede espontânea como é a internet. E esta que vos vou contar até era de manter em silêncio. É verdade, devia agora era calar-me, sossegar e apenas sorrir ali na varanda a fingir que olhava para a primeira infância da novíssima laranjeira. Trata-se de um romance que foi o meu primeiro (escrito em 1982 e publicado seis anos depois) e que nunca devia ter saído a público. Felizmente isso aconteceu numa pequena editora, ainda por cima, na altura, com sede na Suíça. Coisas estranhas. Já há quase há uns vinte anos, uma revista de uma universidade norte-americana (Elizabeth Shaffer, Introduction to Between the Echo of the mirror em New Wave, Un. Colorado, 20, 1988, pp.22-25, Boulder) pôs-se a traduzir uma parte do livro e eu fiquei pasmado. Hoje... ando à boleia pela net e não é que dou com uma página designada "The best novels of all times in the Portuguese language (Selected by Piero Scaruffi)" onde a dita hipótese de romance aparece em vigésimo quarto lugar, antes da Memória de Elefante de Lobo Antunes e depois de Vidas Secas de Graciliano Ramos!
Não sofro de autofagia, mas sei que só conto os meus romances a partir do segundo (o mesmo não acontece com os ensaios). O princípio de Peter é um bom guia. Mas uma boa garagalhada não é pior.
(já agora os cinco primeiros da surpreendente lista são: "Machado de Assis (Brazil, 1839): "Don Casmurro" (1899), Augustina Bessa-Luis (Portugal, 1922): "Vale Abraao/ Abraham's Valley" (1991), Jose Saramago (Portugal, 1922): "O Ano da Morte de Ricardo Reis" (1984), Jose-Maria Eca-de-Queiros (Portugal, 1845): "O Primo Basilio" (1878) e Jorge Amado (Brazil, 1912): "Dona Flor e seus Dois Maridos" 1966).