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segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

Programa eleitoral do partido inexistente

Em altura de campanha eleitoral, caso existisse um partido, mesmo se pequeno, sem grandes alinhamentos corporativos (sindicais, patronais e outros) e sem cargas ideológicas pesadas, atento à liberdade, ao ambiente e às novas formas de sociabilidade, creio que o seu programa de regionalização deveria e poderia ser inovador.
Proporia, por exemplo, três regiões. Só que, em vez de estas serem máquinas burocratizadas e abertas ao apetite funcional dos caciques localistas, seriam antes regiões meridianas essencialmente viradas para a resolução muito pragmática de aspectos económicos.
Por exemplo, suponhamos a existência - por concelhos - da Faixa Litoral, da Faixa Interior (acima dos 70% da média comunitária) e da Faixa Interior Depressionária (abaixo dos tais 70%). Podia imaginar-se um quadro orçamental com regras diferentes e outros mecanismos inventivos e compensatórios virados para a "descriminação positiva", como costuma dizer-se. Não haveria parlamentos, nem fronteiras latitudinais ou outras, nem cargos fixos, centrados e instalados em pretensas capitais regionais.
Havia, isso sim, umas tantas reuniões por ano dessas três redes de concelhos (uma espécie de Assembleia Móvel) de onde sairiam, de acordo com uma parametragem previamente definida, os principais projectos que supririam as lacunas, aliás diagnosticadas, deste cantinho da União Europeia (e não havia cá tempo para moções e para política caricatural e coisas dessas).
Simples, fácil, exequível e sobretudo ao arrepio das tentações politiqueiras e corporativas tão em voga, quer na versão Relvas, quer em tantas outras.