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quarta-feira, 24 de novembro de 2004

Santana face a Judite

Santana disse que amava o povo e Portugal (a ordem é arbitrária) como eu digo que gosto de galinhas ou de vertigens. As coisas equivalem-se, ficam no uso da linguagem. Santana diz sobretudo aquilo que espera que seja ouvido (calculando a perlocução através de clichés), do mesmo modo que se endireita na cadeira e afina a gravata, quando a câmara se aproxima da cena após o intervalo. Santana esgrime arduamente com a expressão facial, quando se fala de sestas, ou da miséria que é falada nos média. Santana face a Judite: um caudal inútil. Depois disto, apenas retenho, por associação, o delongado sorriso de Guterres. Mas aí ainda havia uma pinta de doutrina. Demissionismo, esse, há nos dois lados. Um por migração deliberada, o outro por redução pura e simples à categoria de rumor. Sim, Santana - o Santana político - é um rumor. Nos Donos da Bola, embora fosse do Sporting, sempre tinha mais piada. Até porque desdizer e dizer não são coisas opostas no mundo do futebol, mas deviam-sê-lo face a Judite. Ou face ao país?