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quinta-feira, 4 de novembro de 2004

O Médio-Oriente pós-Arafat

Ligado à máquina, clinicamente morto, discute-se agora o local onde Arafat irá ser enterrado. Não concordo com a vitimização de Arafat, nem vislumbro na sua prática nada de luminoso. Apesar de ser óbvio que os palestinianos têm direito a uma terra e a um estado. Mas nada justifica que, a pretexto de uma causa que é justa, se interrogue a existência do estado de Israel e se postule o seu próprio banimento, através de um terrorismo suicidário cuja natureza não remete, afinal, para quaisquer causas. Uma renegociação que envolva o Médio-Oriente pós-Arafat terá que ter em conta inevitavelmente um horizonte democrático e a dissuasão mais radical do terrorismo dos últimos anos. Com a entifada militarizada e outros fundamentalismos activos em ambos os lados não há possibilidade de futuro. Israel é um estado livre e democrático e, independentemente de quem neste momento governa, é normal que os ideais de abertura e de diálogo que Yitzhak Rabin perseguia voltem agora a aflorar numa plausível mesa das negociações.