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sexta-feira, 13 de agosto de 2004

Ficcionalidades de prata - 19


(A jovem da Leica, Alexandre Rodtchenko, 1934)

Grafar é extraviar as formas que adivinham a imagem. Fotografar é aliviar os contornos que encorpam a passagem da luz. Lugares de evasão, de involuntária convicção, de impossível persuasão. A jovem da Leica sabia que tinha sido grafada e fotografada quase ao mesmo tempo. Só ela e a lente conheciam o embuste de Rodtchenko: embalar a matéria e torná-la em segmentos proféticos com direito a plena confirmação. E agora que já há asas a esbater a longa diagonal do crime, nada mais há a omitir. Até porque a omissão é o próprio ecossistema desta arte, para a qual o rosto perfeito é a volubilidade dos vestígios. Ou a rarefacção do espírito sob a forma de entronização.