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sexta-feira, 28 de maio de 2004

Pérolas



Vi a Rapariga com o brinco de pérola de Peter Webber. Não é grande filme. Pessoalmente toca-me a memória daquela arquitectura, o ritmo dos interiores, a descrição condensada. E o valor do filme reside precisamente na fotografia, na aspereza da imagem e no deslocamento da história em relação ao traçado modelar de Vermeer. Não me impressionei, não me emocionei e não vislumbrei qualquer aceno mínimo de perdição. E é isso que procuro, confesso. Muitas vezes, na maior parte das vezes, encontro tudo isso subitamente e num único grão. Com meia dúzia de nada. A vida pode brilhar quando menos damos por ela. Respirando. É fim de Maio. O céu a planar sob augúrios de plenitude. Eu estava a falar de cinema? A sério?