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sexta-feira, 12 de março de 2004

Comportamentos de risco



O governo está decidido a criar no secundário uma disciplina com o objectivo de prevenir comportamentos de risco. Acho bem. Até porque a recente massificação nacional ainda não encontrou um eco coerente que garantisse ao ensino alguma seriedade, apesar da expansão dos metadiscursos pedagógicos em todos os cantos e recantos do ensino superior e politécnico. Aquilo que a sociologia foi no fim dos sixties e a comunicação foi no fim dos eigthies parece agora ser a eufórica voga das ciências educativas. Voragens.
O que eu espero da nova disciplina é que saiba pelo menos harmonizar-se com o que se passa na realidade e, nesse sentido, as práticas sexuais constituem um campo óbvio de abordagem. Mas também espero que a nova disciplina não fique por aí. Por várias razões: porque também é comportamento de risco não compreender o que se lê; porque também é comportamento de risco ignorar as práticas mínimas de civilidade; porque também é comportamento de risco a falta de iniciativa associada ao dramático leviatã da administração pública portuguesa; porque também é comportamento de risco esquecer que os alunos são pessoas que se querem, no futuro, livres, responsáveis e participantes numa sociedade aberta e sem discriminações.