Do nada
Do nada sai o movimento, a água mais simples, ou a pura invenção que um nome respira a sós. Olho pela janela e do nada vejo aparecer um autocarro de vidros muito húmidos. São vultos rápidos e incertos a caminho da noite que chega tão auspiciosa como a cor argilosa do Atlas. Ei-la agora, densa e antiga, já a transfigurar o rectângulo ainda instável da janela por onde continuo a ver cúpulas de ouro esvaídas na memória de outras cidades e rostos e mais rostos sem lenda que perco no meio de tal vislumbramento.