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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2004

Desconcerto?



Estou, neste momento, em pleno desconcerto de escritas. Electricidade estética? Desacertos? Calafrios criativos? Abismos sem luz? Mas quem não partilhará esta mesma sensação, ou este mesmo desnorte, ainda que sob outras formas, várias vezes por dia? Quando se escreve, é essa a rota mais experimentada. Nela, há espaço de descanso, há trilhos de errância, há bermas de preguiça, há alentos imediatos e maravilhados, há vistas súbitas cheias de neve, e há céus a girarem por sob o horizonte como se uma vertigem imensa tomasse conta do ser e o transformasse em música pura, longe de qualquer narratividade. E do nexo das coisas muito definidas. E do juízo das coisas apenas calculadas. E dos mil sentidos das coisas já acabadas. E do senso comum das coisas sempre pisadas e reditas.