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domingo, 8 de fevereiro de 2004

A bordo

Nevoeiro denso e sem fim. Luzes diluídas como se crepitassem há muito no fundo do poço. É a grande espessura da voz. São as alvenarias e os salgueiros a disputarem a imobilidade da fachada de vidro. É o véu embaciado que traz água ao segredo mais ínfimo da vista. São traves de madeira adormecidas, parapeitos sem lua. É a verdadeira letargia do visível. Cortinas em vez da via láctea. É a consistência do corpo, afinal. Ou a mais esquecida navegação que atravessa de lés a lés o Inverno. Como se fosse uma cigarra no fim do cais.