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segunda-feira, 1 de dezembro de 2003

O primeiro livro português



Hoje é o dia da Restauração (dos tempos de liceu, lembro-me dos hinos e das fardas da mocidade e da cara do reitor eivada de quinto império e da minha família calipolense inflamada pelas lendas da primeira rainha seiscentista). Enfim, no dia que já foi uma espécie de 10 de Junho em segunda edição - até 1974 era assim - parece-me adequado dar atenção à notícia do primeiro livro impresso no nosso país (é o Rua da Judiaria que nos lembra o facto). Numa altura em que a tolerância estava a viver as suas últimas décadas - i.e. a tolerância entre comunidades diferenciadas que teve um auge no Califado de Córdova e que foi reatada, mais tarde, nas cortes ibéricas cristãs pós-Afonso X, incluindo D. Dinis - é interessante que o primeiro livro impresso em Portugal, saído "das oficinas tipográficas de D. Samuel Porteiro" (um judeu de Faro), no ano de 1487, tenha sido um Pentateuco editado em versão hebraica. "O único exemplar conhecido desta edição ainda em existência encontra-se na colecção permanente da British Library". Restaurado, ou não, Portugal sempre foi uma finisterra com várias origens e com uma idiossincrasia plural. As suas primeira letras atestam o facto. É bom não o esquecer.