Nem tanto ao mar!
O fórum TSF fala de tabaco. Algumas considerações: os fumadores não falam, ou quase não falam e, se falam, exigem do estado medidas (a velha dependência fontista-salazarista-marxista face ao estado). Os não fumadores tendem quase sempre para os limiares da intolerância (ele é fechar fábricas, ele é apelar ao apartheid fumadoramente correcto, ele é denúncia - e nem sempre sem razão - da impositividade dos fumadores).
Eu fui fumador até ao dia 7/3/1997 (há datas que se fixam!), mas depois de ter deixado o vício, tantas vezes o prazer, aprendi a conviver com o fumo do tabaco sem aquele alarde radical que torna os outros e a horda dos ex em papões entrevados. Aprendi sobretudo a compreender que as soluções restritivas, gerais e universais não levam a lado nenhum. O respeito e a liberdade no convívio entre fumadores e não fumadores passa pelo caso a caso, isto é, pelas medidas que cada situação particular (familiar, circunstancial, laboral, etc.) acabar por convocar.
O pior caminho a seguir, quando nos debatemos com uma divisão que não é de base racional, é passar ao campo das regras irreversíveis que esquecem que cada pessoa é um universo sobretudo inexplicável. A discussão aberta é sempre positiva e deverá continuar.
Contudo, fumar faz mal e é mesmo um cancro social, se visto a partir de uma racionalidade muito objectiva. Por outro lado, não nos esqueçamos de que as gorduras, os alimentos geneticamente preparados e, em termos mais gerais, toda a nossa cultura liofilizada acabam por se converter igualmente num cancro social dissimulado em que todos navegamos alegremente. Por isso fica o alerta: nem tanto ao mar, nem tanto à terra! Haja algum bom senso!