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quarta-feira, 24 de setembro de 2003

Literaturas e figuras como moedas

Se, para o analogismo, o essencial era a reprodução estética e a persistente dedução que uma literatura pode diversamente criar a partir de uma ordem superior (ao longo do séc. XX, muito menos teológica do que ideológica), para as correntes baseadas no "intertexto", na "paródia" ou no "dialogismo" (formas diversas de sinalizar o mesmo) e que aparentavam ruptura com o analogismo moderno, o essencial é e terá sido fragmentar, intertextualizar e parodizar o discurso já dado pela própria tradição analógica.
Um não poderia existir sem o outro. São ambos, no fundo, verso e reverso de um mesmo sistema de figuras que fez coabitar, como verdadeiros rostos de Janus, a tentação analógica dos grandes relatos ideais modernos com a tentação céptica de a criticar, “desconstruir” e envolver retoricamente.
Para além das dicotomias irmãs, tal como o são as moedas, olhemos em frente.
Abre los ojos !