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quarta-feira, 13 de agosto de 2003

Uma vez, creio que foi em 1972, um boca de sapo (em pequeno chamava-lhe bico de pato) deu-me a maior boleia da vida. De Burgos até Calais. Boleia directa e, a larga maior parte, durante a noite. Das miniaturas que tenho aqui no escritório, sobressai a desse bicho (DS 19) que a citroen fabricou. Coisa inigualável a que acabei, agora mesmo, por dedicar um poema (poesia, portanto, para a blogosfera):

Colecciono miniaturas de automóveis,
janelas a crepitar como berlindes
pneus finos de aparo
faróis de alumínio baço, enfim
crisálidas repartidas por mil
sombras feitas pela memória
do deslumbramento.
Olho para os meus automóveis
de manhã à noite, vejo-os
pousados, imóveis sobre o computador
e o mais elegante é o bico de sapo,
espécie de peixe aziago e doce
que tem a capota vermelha
e a paciência já em sangue.