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quinta-feira, 7 de agosto de 2003

Na maior parte dos blogues que vou lendo, existe um desfasamento entre a ciberlógica que é, naturalmente, caracterizada pelo instantanismo e pelo efémero, e, por outro lado, um certo sentido nem sempre disfarçado de projecção na posteridade. Como se cada palavra escrita aqui, neste jogo-limite de aquários, tivesse o secreto condão de, amanhã, poder ser finalmente escutada e reconhecida. Então, este cibermomento em que o génio único ditava a suprema alegoria, entraria no reino da eternidade. Esta projecção angélica é claramente subliminar na linguagem da moda que, como se sabe, é instintiva, revivalista, propositadamente banal, silly mas bem, sucinta mas bué feculenta q.b., afirmativa e toscamente escultural. Como se fossem directores de jornalecos de província, no início do século XX, grande parte da rapaziada que dirige e alimenta os seus blogues ainda pensa em tornar-se no Hermes imortal. É evidente que existem mares e mares de excepções. Mas fora delas, tudo é igualmente honroso. Fecundo como as cornáceas.