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quinta-feira, 17 de julho de 2003

De novo, na sala de espera. Tarde de correcções de provas. Sol a tardar neste Verão por vir. Tenho na memória Verões de quarenta graus à sombra e essa memória meio esvaída parece-se com a longa história do paraíso. Mas, hoje, para dizer a verdade, estou tão longe disso que a metáfora da sala de espera se torna bem viva.


Discordo do que diz JPP hoje no Público. Geralmente concordo com ele em muitas coisas, mas desta vez não. Pensar o ciberespaço com
a mentalidade preservadora e musial que teve a sua origem no pós-Iluminismo moderno é colocar lado a lado o que não pode ser colocado lado a lado. As estruturas descentradas ou policentradas e rizomáticas como são as da rede contemporânea estabelecem uma relação com o par efémero - não efémero que é completamente diferente daquela relação que as redes centradas e delimitadas estabeleciam durante o alvor moderno, i.e., desde o final do século XVIII até às últimas décadas do século xx. Falar de memória e de arquivo em tempo de rede aberta, espontânea e descentrada não é o mesmo que falar de memória e arquivo no tempo em que a fotografia foi ao parlamento francês, ou no tempo em que o fotojornalismo invadiu os salões políticos da Alemanha entre guerras. É preciso rever o modo como os metadiscursos abordam o nosso tempo.