tag:blogger.com,1999:blog-55827642024-03-14T07:43:18.391+00:00MiniscenteTodos os dias invento pelo menos três palavrasLChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comBlogger4055125tag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-11945381210378888442012-09-30T15:59:00.003+01:002012-09-30T16:00:02.262+01:00luiscarmelo.net<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-38xugMM0RuI/UGheadSdJfI/AAAAAAAABQM/a7SnMhflaWo/s1600/lcnet.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-38xugMM0RuI/UGheadSdJfI/AAAAAAAABQM/a7SnMhflaWo/s1600/lcnet.png" /></a></div>
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<br /></div>
Para dar continuidade ao Miniscente, blogue nascido em Junho de 2003, basta clicar em <b><a href="http://luiscarmelo.net/">luiscarmelo.net</a></b>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-51825035523507954452012-08-10T22:00:00.004+01:002012-09-28T18:47:37.670+01:00PROJECTO NOVELÁRIO<br />
Seguindo o “Modelo Bruce Holland Rogers”, vou passar a publicar um romance inédito da minha autoria destinado aos leitores que aderirem à respectiva comunidade de leitura. O texto será publicado semanalmente durante um ano e, no final, os leitores receberão em casa o livro em formato digital numa edição especial de autor. Adesão à comunidade de leitura: 10,00€ + iva. O Projecto Novelário inicia-se a 15 de Setembro deste ano e as inscrições decorrerão apenas até essa data.<br />
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No fundo, trata-se de ler um romance em jeito de folhetim privado e, no fim, recebê-lo em edição de autor antes ainda de sair publicamente na editora. Como poderá imaginar, o projecto não é lucrativo - nem pouco mais ou menos! -, pois, no final, encomendarei uma edição digital a um amigo meu designer que incorporará imediatamente a verba simbólica de inscrição solicitada. O importante é mesmo a criação deste novo tipo de comunidade. O projecto, aliás, está a ter já bastante adesão.<br />
<br />
Para efectivar a inscrição, basta depositar 12,30€ (10,00€ + iva) O NIB para depósito é:<br />
<br />
0018 0003 17467010020 73 (Entidade: Luís Carmelo - Directos de Autor, Sociedade Unipessoal Lda./ NIF: 508393523).<br />
<br />
CONTACTO: luis.carmelo@sapo.pt<br />
<br />LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-66175138722077297172012-08-10T21:58:00.002+01:002012-09-28T18:47:59.485+01:00<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">O Projecto Novelário no Bibliotecário de Babel. Ler texto (que agradeço, caro José Mário!) <a href="http://bibliotecariodebabel.com/geral/o-novelario-de-luis-carmelo/">aqui</a>.</span>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-75881376199474050742012-07-24T16:12:00.002+01:002012-09-28T19:00:34.950+01:00A Escola de Escrita Criativa Online (EC.ON) vai abrir instalações em Lisboa<br />
<span style="font-family: inherit; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-QnKv3i-iMhA/UA67S8fV9_I/AAAAAAAABNY/pZZvaTkETf0/s1600/LOGOec.on2012.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="167" src="http://1.bp.blogspot.com/-QnKv3i-iMhA/UA67S8fV9_I/AAAAAAAABNY/pZZvaTkETf0/s320/LOGOec.on2012.jpg" width="320" /></a></span>
<br />
<br />
<br />
Tendo como objectivo complementar a actividade de cursos em e-learning, a Escola de Escrita Criativa Online (EC.ON - http://escritacriativaonline.com/) vai, no próximo mês de Outubro, abrir as suas instalações em Lisboa. Novos cursos presenciais, actividade b-learning e oficinas intensivas coordenadas por escritores convidados vão passar a estar na agenda da escola. As instalações, a 50 metros do metro Arroios, serão facilmente acessíveis.<br />
<br />
Dos mais de vinte cursos que a Escola de Escrita Criativa Online (EC.ON) oferece na rede – mais de 1000 formandos desde 2005 –, apenas alguns estarão disponíveis a título presencial. Por outro lado, haverá ofertas completamente novas e exclusivas. A partir de Outubro, são os seguintes os cursos disponíveis a todo o público:<br />
<br />
» “Oficina de Escrita Criativa – Nível Introdutório” (8 semanas). Docente: Luís Carmelo.<br />
» “Oficina de Escrita Criativa: Revela-te!” |nível etário: 13 aos 16 anos| (8 semanas). Docente: Luís Carmelo.<br />
» “Escrever para Crianças” (8 semanas). Docente: Margarida Fonseca Santos.<br />
» “Romance Português Contemporâneo” (8 semanas). Docente: Miguel Real.<br />
» “A poesia portuguesa contemporânea” (8 semanas). Docente: António Carlos Cortez.<br />
<br />
A partir de 2013, estarão também disponíveis a Oficina de Escrita Criativa – Humor” (8 semanas) e a“Oficina de Escrita Criativa – Persuasão e Publicidade” (8 semanas).<br />
<br />
Já são conhecidas as propinas previstas para as três modalidades de duração dos cursos: com a duração de 8 semanas (8 aulas presenciais de 2 horas) = 195,00€ por inscrito; cursos com duração de 6 semanas (6 aulas presenciais de 2 horas) = 147,00 por inscrito; e, por fim, cursos com duração de 4 semanas (4 aulas presenciais de 2 horas) = 96,00 por inscrito. Os cursos terão sempre um mínimo de 6 pessoas e um máximo de 12 pessoas, de modo a fazerem reflectir uma característica chave do ensino virtual que a Escola de Escrita Criativa Online (EC.ON) EC.ON vem praticando há já alguns anos: a personalização.<br />
<br />
A abertura em Lisboa das instalações da Escola de Escrita Criativa Online (EC.ON) coincide com dois outros factos relevantes para a vida da instituição: a conclusão do processo de acreditação na DGERT (http://www.dgert.mtss.gov.pt/) e o início da linha editorial que conta com um plano de quinze manuais de diferentes cursos (quer da área de escrita criativa literária, quer da área de escrita criativa comunicacional).<br />
<br />
O formato sempre assumido pela EC.ON de ligação maleável aos públicos que desejam incorporar competências ou redescobrir níveis de eficácia expressiva tem adquirido, no nosso dia-a-dia, uma renovada importância. O futuro só se consolida sonhando com novas formas de partilha e com desafios que se traduzam em novos pontos de partida. É por isso que a divisa da Escola de Escrita Criativa Online (EC.ON) – “Dar uma nova voz à sua voz” – permanece inalterável quer no já conhecido projecto virtual, quer agora no novo projecto presencial.<br />
LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-19169355006186504962012-07-07T16:05:00.002+01:002012-07-07T16:05:33.649+01:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-A0x-fFM8U4U/T_hP9Eh0mjI/AAAAAAAABNM/-9SziN3j6pM/s1600/Design" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-A0x-fFM8U4U/T_hP9Eh0mjI/AAAAAAAABNM/-9SziN3j6pM/s1600/Design" /></a></div>
Acaba de sair o meu primeiro e-book (Tertúlia).<br />
<br />
<span style="color: #666666; font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 18px; text-align: left;">O presente livro divide-se em três capítulos: o design e o seu nome (I), o design e os seus usos (II) e, por fim, o design e os seus jogos (III). Ao fim e ao cabo, a abordagem persegue três vectores essenciais: a substância do design, a significação irradiada pelo design e o tipo de agenciamento criativo que o design propõe em múltiplas esferas da nossa vida.</span>
<br />
<span style="color: #666666; font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 18px; text-align: left;"><br /></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 18px; text-align: left;">Comprar aqui: </span><a href="http://www.tertuliadeebooks.com/book/603BIO">http://www.tertuliadeebooks.com/book/603BIO</a>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-25238005738731217042012-02-20T22:38:00.003+00:002012-02-20T22:42:04.929+00:00Novos cursos EC.ON<a href="http://2.bp.blogspot.com/-19tKbcNpIBo/T0LLlUB0i7I/AAAAAAAABMQ/zWnLCGwMbf0/s1600/LOGOec.on2012.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5711351119351155634" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 209px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/-19tKbcNpIBo/T0LLlUB0i7I/AAAAAAAABMQ/zWnLCGwMbf0/s400/LOGOec.on2012.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> e</span><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">À oferta de 2012 (</span><a href="http://www.escritacriativaonline.com/pdf-divulgacao-dez2011.pdf"><span style="color:#cc9933;"><strong>ver aqui os doze cursos</strong></span></a><span style="color:#000000;">), juntar-se-á, na Primavera que se aproxima, um novo curso de <em>Cultura Contemporânea</em> e um outro designado <em>Literaturas Proféticas / Representações do futuro</em>.</span><br /></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-41832682782051307982012-02-20T22:36:00.002+00:002012-02-20T22:38:30.201+00:00A Luz da Intensidade<a href="http://4.bp.blogspot.com/-rwQxTUaC8RQ/T0LLMvKZyqI/AAAAAAAABME/jMcoJDnm9fk/s1600/Luz%2Bda%2BIntensidade.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5711350697138178722" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 254px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/-rwQxTUaC8RQ/T0LLMvKZyqI/AAAAAAAABME/jMcoJDnm9fk/s400/Luz%2Bda%2BIntensidade.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> e</span><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Estará nas bancas em Março: edição da Quetzal e um título cheio de intensidade.</span></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-77138675373442185932012-01-02T02:01:00.001+00:002012-02-20T22:52:21.188+00:00Escrita Criativa - novos cursos EC.ON<a href="http://3.bp.blogspot.com/-bfXTTO-h6Qc/T0LN8cd5III/AAAAAAAABMc/hLeM8A7NdMU/s1600/ECONsitenovo.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5711353715776626818" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 48px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/-bfXTTO-h6Qc/T0LN8cd5III/AAAAAAAABMc/hLeM8A7NdMU/s400/ECONsitenovo.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> e</span><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;"><span style="color:#000000;">A oferta de cursos de escrita criativa da EC.ON (EscritaCriativaOnline.com) para este ano de 2012 está a ser muito bem recebida. De salientar a forte redução das propinas (uma média de 20%). Ver tudo</span> </span><a href="http://www.escritacriativaonline.com/pdf-divulgacao-dez2011.pdf"><strong><span style="color:#990000;">aqui</span></strong></a><strong><span style="color:#990000;">.</span></strong><br /><span style="color:#ffffff;">e</span></div><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Para além dos doze cursos que a EC.ON oferece, abriu já um novo conjunto de cursos leccionado por escritores convidados, nomeadamente por Patrícia Reis, Filipa Melo, Margarida Fonseca Santos e Paulo Querido. Ver tudo <a href="http://escritacriativaonline.com/seccao.asp?cod_seccao=55170"><strong><span style="color:#660000;">aqui</span></strong></a>.</span></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-75915650125947768332011-09-02T20:35:00.003+01:002011-09-02T22:27:20.653+01:00Mais um poema<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Yg9SXJuqlr8/TmFKH7ePZ3I/AAAAAAAABHM/o_e784RnXKk/s1600/Arraiolos12.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5647876907783382898" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 369px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/-Yg9SXJuqlr8/TmFKH7ePZ3I/AAAAAAAABHM/o_e784RnXKk/s400/Arraiolos12.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> t</span>
<br />
<br /><div><span style="color:#000000;">o presente é o cipreste de ouro:
<br /><span style="color:#ffffff;">e</span>
<br />rasga o vinco do arado quando avança entre magnólias
<br />e outras espécies menores
<br /><span style="color:#ffffff;">e</span>
<br />alonga-se como se fosse um cisne apressado
<br />a fazer a vez do tempo
<br /><span style="color:#ffffff;">e</span>
<br />os ramos empurram-se uns aos outros
<br />e o traço de cera arde à luz do sol e assim se desfaz
<br />e se faz ouro</span></div>
<br />LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-76090766252580499312011-09-01T22:49:00.001+01:002011-09-01T22:51:38.922+01:00O último poema de hoje<a href="http://3.bp.blogspot.com/-EzFujXZuojw/Tl_-Vce8cgI/AAAAAAAABG8/rQE_YwGkpCg/s1600/Arraiolos13.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5647512102122582530" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 369px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/-EzFujXZuojw/Tl_-Vce8cgI/AAAAAAAABG8/rQE_YwGkpCg/s400/Arraiolos13.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> e</span>
<br />
<br /><div align="center"><span style="color:#000000;"></span></div>
<br /><div><span style="color:#000000;">estende
<br />o corpo húmido
<br />de báculo
<br />pela escada em caracol
<br /><span style="color:#ffffff;">e</span>
<br />o gesto
<br />desenha o nome da água
<br />repartida
<br /><span style="color:#ffffff;">e</span>
<br />e assim entra na noite
<br />como um caule
<br />que se entranha no metal
<br />do passadiço
<br /><span style="color:#ffffff;">e</span>
<br />penetra a laje e a lentidão
<br />das ameixas
<br />desce por si
<br />como borboleta de granito
<br /><span style="color:#ffffff;">e
<br /></span>iça a corda o caudal a escama
<br />e bakardi patrocina
<br />este
<br />programa</span></div>
<br />LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-71710799696085685322011-09-01T19:21:00.002+01:002011-09-01T19:30:55.249+01:00Outro poema<div align="justify"><span style="color:#000000;">o sopro faz do vidro uma penumbra
<br />a crescer entre o nada que já foi e a folhagem alta do socalco
<br /><span style="color:#ffffff;">e</span>
<br />leva a palavra com o nome que não se multiplica e por isso
<br />da árvore cai a chama e não a folha
<br /><span style="color:#ffffff;">e</span>
<br />o sopro dá ao vento o que a alma dá ao vidro
<br />uma combustão de máscaras
<br /><span style="color:#ffffff;">e
<br /></span>talvez um rio</span></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-56191291073485895292011-08-30T17:04:00.002+01:002011-08-30T17:10:55.217+01:00Um poema para o fim do meu mês<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Dn97zHUghoI/Tl0LH9uQfEI/AAAAAAAABG0/2GFKdWDs4nY/s1600/TTrr.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5646681739248041026" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 262px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/-Dn97zHUghoI/Tl0LH9uQfEI/AAAAAAAABG0/2GFKdWDs4nY/s400/TTrr.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> e</span>
<br />
<br /><div><span style="color:#000000;">dá por vezes o corpo como a música dá
<br />a fonte
<br />que não tem</span>
<br /><span style="color:#ffffff;">e</span>
<br /><span style="color:#000000;">a siflar anuncia
<br />o secreto patamar
<br />sem escadarias</span>
<br /><span style="color:#ffffff;">e</span>
<br /><span style="color:#000000;">e o vidro lentamente cose a sombra da calçada
<br />escala a rua e verbera
<br />a mansidão do eco</span>
<br /><span style="color:#ffffff;">e</span>
<br /><span style="color:#000000;">a siflar
<br />dá por vezes a refeição do corpo a tangerinas
<br />ávidas e depois esquece</span> </div>
<br />LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-53393049879591524912011-08-23T17:26:00.005+01:002011-08-23T17:33:55.691+01:00A Dobra do Crioulinho<div align="center"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-10QY9VTAdIw/TlPWJBOnfQI/AAAAAAAABGs/G1YnK_IfWCo/s1600/DDobra.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5644090208462273794" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/-10QY9VTAdIw/TlPWJBOnfQI/AAAAAAAABGs/G1YnK_IfWCo/s400/DDobra.jpg" border="0" /></a> <a href="http://plusmood.com/wp-content/uploads/2009/08/Herning-Museum-of-Contemporary-Art_Steven-Holl-1.JPG">PM</a>
<br />
<br /><div align="center"><span style="color:#000000;"></span></div>
<br /><div align="center"><span style="color:#ffffff;">e</span></div>
<br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Acabei o que virá a ser o meu próximo romance -<em> A Dobra do Crioulinho</em> - no último domingo de Julho. Ontem li-o (quase) todo pela primeira vez. </span></div>
<br /><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">e</span></div>
<br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Publico aqui, pela primeira vez, um pequeno excerto:</span></div>
<br /><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">e</span></div>
<br /><div align="justify"><span style="color:#000000;"><span style="color:#660000;">"Fiquei à espera, mas por pouco tempo. Tirei uma segunda cerveja do frigorífico e pela janela vi a polícia de choque a atravessar o largo. Atravessaram a calçada como um rio negro que aparece e logo desaparece. Minutos depois o alarme deixou subitamente de se ouvir, mas sentiu-se ao longe um estranho tumulto de vozes. Silvie acordou, não se mexeu e sorriu na minha direcção.</span>
<br /><span style="color:#ffffff;">d r</span>
<br /><span style="color:#660000;">Francisco era um morto vivo a ver uma série que passava – estava sempre a passar – na televisão. Devia ser a Grey. Médicos a retirarem os órgãos a um homem que acabara de morrer na mesa de operações. O LCD não tinha som. Foi nessa altura que Violeta reentrou na sala. Trazia uma bandeja com três chávenas de café. Francisco e Silvie serviram-se. A noite estava cada vez mais quente e eu pensei que o mundo acabaria quando todas as histórias fossem contadas ao mesmo tempo.</span>
<br /><span style="color:#ffffff;"><span style="color:#ffffff;">d e</span>
<br /></span></span><span style="color:#660000;">A ventoinha estava no máximo e as heras do alpendre tinham regressado a si: a serenidade das marcas. O vento desaparecera. Afastei com os dedos o cortinado e revi a calçada vazia. A geometria é a repetição de uma ideia simples, apenas isso. Violeta veio colocar-se a meu lado. O tumulto de vozes ao longe impressionava. Olhei para Violeta e senti-me a andar no descapotável. Bastava olhar para ela e estávamos os dois já a andar de carro. O desejo é um ser. Fora do desejo não há tempo. Apenas gravitas. E esta sala era um gravitas perfeito."</span></div></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-12902303790065535112011-07-02T14:10:00.002+01:002011-07-02T14:13:15.706+01:00Finalmente<a href="http://4.bp.blogspot.com/-mSReNiH6cMc/Tg8ZAWJN9eI/AAAAAAAABGA/MsTC7AMaDzc/s1600/ECONsitenovo.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624741953343976930" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 48px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/-mSReNiH6cMc/Tg8ZAWJN9eI/AAAAAAAABGA/MsTC7AMaDzc/s400/ECONsitenovo.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> e</span><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">O site do "EC.ON" (EscritaCriativaOnline), de que sou coordenador, acaba de reaparecer após longo '<em>rebranding</em>'. O renovado espaço contém novas secções, proporciona muita informação e disponibiliza possibilidades técnicas inovadoras. Ler e ver</span> <a href="http://escritacriativaonline.com/"><strong><span style="color:#cc6600;">tudo aqui</span></strong></a><strong><span style="color:#cc6600;">.</span></strong></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-64471337857596095892011-06-23T17:38:00.001+01:002011-06-23T17:51:36.836+01:00Conteúdos - cânone - 17 (fé)<a href="http://2.bp.blogspot.com/-x0UfAgQOxXI/TgNsravLwKI/AAAAAAAABF4/2NIXxZN2uvA/s1600/ameixoeira3.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5621456253055910050" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/-x0UfAgQOxXI/TgNsravLwKI/AAAAAAAABF4/2NIXxZN2uvA/s400/ameixoeira3.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div align="center"><span style="color:#000000;"></span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">e</span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Quando dou conta do conteúdo fé, digo ou faço o que tenho a dizer ou a fazer. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo fé me diz sobre a certeza íntima de que algo irá acontecer.<br /><span style="color:#ffffff;">g</span><br />A fé: ver acontecer o que ainda não se realizou, como se se prefigurasse como certo aquilo que se desejou. A fé tem a característica expressionista da visão: estar dentro da cena que se imagina, mas estar nela antes ainda de acontecer e com a certeza de que irá realmente acontecer. Na fé há uma conversão espontânea de acontecimentos: entre aquilo que virá e aquilo que já existe na mais íntima determinação. Clube de futebol, lotaria ou deus são – todos eles – objectos de vaticínio da fé. Uns com ironia (ter fé e ver a fé com humor), outros com rigidez (ter fé e ver a fé com estriada seriedade). A fé é partilhável como fenómeno de massas – e aí tem contada toda a sua história pública ao longo de séculos e séculos de manifestações variadas –, mas é sobretudo, na sua auto-especularidade, um fenómeno íntimo. Um jogo egotista de certezas. Uma coerência tão fechada quando silenciosamente monologada. A fé existe como um conteúdo que não deseja ser definido. O senso comum traduz a intraductibilidade justamente nessa medida: “É uma questão de fé!”. Essa longa história do inexplicável e, em certos aspectos, da sujeição de alguém a uma fé partilhável porque impositiva – neste caso, um tabu que não se pode por dogma aflorar – transformou a questão em algo incómodo. Por vezes insuportável. A atitude moderna, por exemplo, sempre se tentou definir contra a fé. Afirmação por contraponto, portanto. Embora, nessa definição, a fé reaja com assimetria devido ao que mais a alimenta: a intimidade. A fé é essencialmente uma forma de resistência: poder ver o que não é dado a ver pelo real mais imediato. Crer nessa possibilidade e realizá-la, tal como a arte se realiza sem necessitar de se referir seja ao que for. É esse o guião da fé: uma visão que se confunde com o ser que a tem.</span></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-44726403167294304752011-06-18T15:56:00.004+01:002011-06-18T16:09:01.291+01:00Conteúdos - cânone - 16 (massificação)<a href="http://4.bp.blogspot.com/-k6afpCCWrRE/Tfy_efWs-TI/AAAAAAAABFw/vXVCsKBRWeE/s1600/11-6.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619576965585238322" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 232px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/-k6afpCCWrRE/Tfy_efWs-TI/AAAAAAAABFw/vXVCsKBRWeE/s400/11-6.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> e</span> <br /><div><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Quando exprimo a ideia de massificação, exprimo o que tenho a exprimir. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo “massificação” me diz sobre um corpo decapitado que sorri como se o mundo fosse um ‘reality show’ sem princípio nem fim.<br /><span style="color:#ffffff;">r</span><br />A massa foi sempre uma preocupação moderna. De Marx a Ortega Y Gasset. Mas a massa moderna era um caudal que ameaçava, perturbava ou se alienava. Tanto faz. A massa era sobretudo um caudal que criava contrastes, porque convivia com entidades que eram o positivo ou o negativo da própria massa. Elite, intelligentsia, classe, nomenclatura e outros termos designaram essas entidades. A massa moderna era um rio poderoso que contrastava com a serenidade das margens. Nas margens fazia-se a política, a literatura e o mito. No rio – e sôbolos rios (grandes revoluções) – fazia-se o resto. As inundações marcaram, por isso mesmo, grande parte da história dos séculos XIX e XX. No nosso tempo, o rio e as margens desapareceram. O rio envolveu as margens e as margens envolveram o rio. Nem um nem outro hoje se reconhecem. O que deles sobrou foi um efeito de massa: um manto em 3D que avança em direcção ao sentido. Como se tudo pudesse acontecer: com a agravante de que os ares de clímax são tão simulados quanto reais. A crise dos mercados representa, no novíssimo palco, o drama da massificação: tudo se comprou, tudo se construiu, tudo se esbateu e tudo se disse. E agora, aberto o abismo, a massa reage como um caudal sem margens. Tal como uma angústia profunda sem objecto preciso. Esse ‘pathos’ é a própria natureza da massificação: um corpo decapitado que sorri, como se fosse para sempre, diante dum ‘reality show’ intemporal.</span></div></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-43574056838484393772011-06-18T15:43:00.003+01:002011-06-18T16:24:10.379+01:00Conteúdos - cânone - 15 (falha)<a href="http://4.bp.blogspot.com/-yOneMsFo-hM/Tfy6578eSsI/AAAAAAAABFI/W0GHB8zxAwQ/s1600/deep-structure.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619571939558181570" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 368px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/-yOneMsFo-hM/Tfy6578eSsI/AAAAAAAABFI/W0GHB8zxAwQ/s400/deep-structure.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> e t</span><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Quando comunico que algo falha, comunico o que tenho a comunicar. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo “falha” me diz sobre um mundo em que a falha se tornou na coisa mais comum que se pode imaginar. Puro espectáculo.<br /><span style="color:#ffffff;">r</span><br />Vivemos num mundo em que a falha se vulgarizou. Sem receituários (baseados na harmonia ou na perfeição) capazes de dar algum sentido aos actos do dia-a-dia, a vida passou a ser recheada por falhas. É por isso que notícias passaram a incidir muito mais na repetição da repetição (nas meta-corrências) do que em falhas, inversões, acidentes e outras anomalias. Torna-se, hoje em dia, muito mais difícil distinguir o que escapa à ordem natural, normal ou previsível das coisas (o “<em>segno</em>” medieval) do que em qualquer outra época. Justamente porque, neste ‘mundo pós’ – deixou de existir uma ordem natural, normal ou previsível para as coisas. A normalidade é, no nosso tempo, um firmamento de falhas: uma curva que religa simultaneidades que disputam e desafiam o código que vão criando. Micro-narrativas, micro-códigos e micro-discursos: um terreno pouco estriado e aberto, mas seguramente fértil para o culto de falhas. Ao ter-se vulgarizado a falha, o alarme deixou de com ela conviver. Antes se exilou e foi deixando em pé de igualdade o pasmo criado diante das torres gémeas – há uma década – ou o pasmo criado diante da morte de Diana – há década e meia (tudo passou a ser encarado como espectáculo e todo o espectáculo foi deixado em pé de igualdade). Os pasmos tornaram-se quase todos iguais e passaram a sintonizar uma mesma frequência. Bits como factos. Os pasmos tornaram-se vórtices sensoriais dos media e passaram a ignorar o alarme que sempre foi gerado pela própria falha. Um circuito vulgarizado pela falha – de que a generalização dos erros ortográficos é uma óptima metáfora – é um circuito que se impõe pela inclusão sem diferenças. Uma inclusão sem diferenças é uma massa informe que tem a falha como identidade.</span></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-59060001194425704952011-06-17T23:47:00.001+01:002011-06-17T23:50:47.186+01:00Conteúdos - cânone - 14 (sms)<a href="http://3.bp.blogspot.com/-rbHuPihRVIg/TfvaIUWoo_I/AAAAAAAABEw/B0pxbk4S-IA/s1600/untitled.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619324796512281586" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 240px; CURSOR: hand; HEIGHT: 180px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/-rbHuPihRVIg/TfvaIUWoo_I/AAAAAAAABEw/B0pxbk4S-IA/s400/untitled.bmp" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> e</span><br /><br /><div align="center"><span style="color:#000000;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Quando envio um/uma sms, exprimo e faço o que tenho a exprimir e a fazer. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo “sms” me diz sobre a redescoberta da palavra como desmontagem e elipse ao serviço de uma transfusão da linguagem.<br /><span style="color:#ffffff;">r</span><br />Um/uma sms molda a linguagem para caber em qualquer lado (ou em qualquer género). Já um toque é apenas a interrupção simples de um tempo em princípio plano. Um toque tenta criar fronteiras entre o antes e o logo que o sucede. Como se um dedo apenas fizesse criações descontinuadas. A interpelação, por seu lado, já é um esboço de narrativa, mas o toque ainda não: simples aceno. O/a sms é também uma espécie de toque, mas com alguma ressonância e amplitude. Mera flutuação que se distende ao longo de vários caracteres, como se um desejo de narrar fosse evocado mas logo fugisse e não passasse de uma sugestão à procura de encantamento. O/a sms dilata o vórtice do toque, dá-lhe águas, esquece fronteiras e acaba por inscrever um desejo como breve traço ao longo do tempo. Se o toque interrompe, o/a sms esvazia o balão da palavra: é essa a sua duração. É esse esvaziar que, ao preencher uns tantos segundos de leitura, acaba por dar perfil e espessura ao/à sms. Moldar a linguagem é fazer do vaivém entre ar e balão um sentido que nunca se esgota. Um sentido sempre em aberto: palavras de fractura, pontos insinuantes, consoantes nuas, parêntesis com rosto, vírgulas risonhas e sufixos com perfil de puras elipses.</span></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-17126965657186121802011-06-17T16:23:00.002+01:002011-06-17T17:18:53.148+01:00Conteúdos - cânone - 13 (tempo real)<a href="http://3.bp.blogspot.com/-e43uFMwPVkY/Tft-Tkz3TkI/AAAAAAAABEo/ARjthxqPqdE/s1600/2%2Bc%25C3%25A9rebro.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619223834838650434" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 372px; CURSOR: hand; HEIGHT: 372px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/-e43uFMwPVkY/Tft-Tkz3TkI/AAAAAAAABEo/ARjthxqPqdE/s400/2%2Bc%25C3%25A9rebro.jpg" border="0" /></a> <br /><div align="center"><span style="color:#000000;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">e</span></div><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Quando exprimo a ideia de “tempo real”, exprimo o que tenho a exprimir. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo “tempo real” me diz sobre a possibilidade de não existir nem futuro nem história.<br /><span style="color:#ffffff;">e</span><br />Sabe-se que o tempo não é capturável. É isso que o determina, seja ele cronológico (<em>chronos</em>) ou ligado a invariantes (<em>aion</em>). O tempo é um conteúdo que ocupa a percepção de uma passagem. Mesurável ou ético, não mesurável ou émico, o tempo existe para além do código, seja ele qual for. A designação “tempo real” pretende assinalar uma coexistência entre o acontecer (tornado conhecido) e o acontecimento. Trata-se de generalizar a contingência em flagrante. O que não é “tempo real” está fora de jogo. Mas no jogo do “tempo real”, tudo se assinalaria e incorporaria no instante em que emerge. O que torna real o “tempo real” é a sua extrema irrealidade. Esse paradoxo é, afinal de contas, o seu dom e também o lado mais apelativo do seu uso. Ao repetir até à exaustão “tempo real”, o tempo corre até o risco de se tornar capturável. E uma ilusão em era de ilusões é a mais pura das verdades. O guião do conteúdo “tempo real” é, pois, tão assertivo quanto inebriante. Toca os sentidos e invade o domínio das certezas cronológicas. Para além do “tempo real” já não existe história nem futuro. O “tempo real” impõe-se, deste modo, como único momento, ou como uma espécie de clímax exclusivo de uma narrativa que se bastaria ao instante. Uma coexistência e uma intensidade que não deixam – ou que não deixariam – respirar.</span></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-11178556587364922752011-06-17T14:32:00.003+01:002011-06-17T14:59:52.469+01:00Conteúdos - cânone - 12 (património)<a href="http://3.bp.blogspot.com/-zbavn0g3SWc/TftcaKWtsWI/AAAAAAAABEg/GcjuBTOHTu0/s1600/333.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619186564600803682" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 281px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/-zbavn0g3SWc/TftcaKWtsWI/AAAAAAAABEg/GcjuBTOHTu0/s400/333.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> r</span><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Quando exprimo a ideia de património a alguém, exprimo o que tenho a exprimir. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo “património” me diz sobre um culto que vai resistindo com bastante ímpeto nas malhas da cultura dessacralizada.<br /><span style="color:#ffffff;">y</span><br /></span><span style="color:#000000;">Há mais de dois milénios, o conteúdo cultura andou associado à ideia heideggeriana de ‘cuidar de’ – cuidar da terra e dos animais, num sentido relativamente neutro. Um sentido de teor secular (que surge em Plutarco ou Cícero) remeteu, por conotação, para a ideia de cultivo do ‘espírito humano’ e havia de se projectar, até aos nossos dias, em significações como “desenvolvimento intelectual’, ‘saber’, ’estudo’, ’esmero’ ou ‘elegância’. Um terceiro sentido atribuído ao conteúdo cultura, o de Santo Agostinho, transpôs, na Idade Média, o conceito para o modelo divino de ‘culto’. Um quarto sentido surgiu, já no Illuminismo, por via do alemão Herder que estabilizou a noção moderna de cultura enquanto objectivação da totalidade do produto humano realizado, independentemente dos seus autores subjectivos. Nesta perspectiva, a imaterialidade e a materialidade historicamente acumuladas pelas comunidades (língua, terra, tradição, objectos ‘culturais’, etc.) tornaram-se em novos objectos de culto. O património – que tem apenas algumas décadas de vida – descende desta ‘inovação’ já com dois séculos e meio e projecta-se sobretudo no edificado, no meio construído e nos próprios quadros do vivido. No fundo, uma recuperação da ideia de culto no meio de um mundo que se dessacralizou. O conteúdo património redescobre-nos, deste modo, no centro de uma redenção que nos é docemente revelada pela cultura. Algo para levar muito a sério, quando da realidade se apearam já quase todos os altares.</span></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-32173245360141758322011-06-17T10:53:00.002+01:002011-06-17T10:58:50.867+01:00Conteúdos - cânone - 11 (rede)<a href="http://1.bp.blogspot.com/-JFXiQkgBrZ0/TfskmDBHTCI/AAAAAAAABEY/s0GjdRgc7cA/s1600/CAOS.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619125196138433570" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/-JFXiQkgBrZ0/TfskmDBHTCI/AAAAAAAABEY/s0GjdRgc7cA/s400/CAOS.gif" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;">7 e</span><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Quando comunico a ideia de rede, veiculo o que tenho a veicular. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo “rede” me diz sobre o lugar que ocupamos e os lugares onde interagimos numa vastíssima conexão aparentemente sem fim, nem hierarquias.<br /><span style="color:#ffffff;">t</span><br />A rede é um daqueles conteúdos que tende a surgir em todas as épocas e que serve essencialmente para enquadrar o todo da realidade, para a designar de modo confortável ou até para a tentar explicar de uma maneira económica. No nosso tempo, a simulação de extrema proximidade atravessa, quer o sentido criado pelos dispositivos tecnológicos, quer a interacção – quase corporal e estésica (intensíssima a nível sensorial) – que o ser humano passou a estabelecer com esses dispositivos. A rede decorre desta assunção criada pelos interactores digitais e pelas mediações humanas que com eles concorrem em permanência. Na rede, a diferenciação entre actores e personagens discretos não é relevante, pois o que a significa é o esteio pancomunicacional. Há na rede uma gramática holística – ou totalizante – que se assemelha à visão medieval de deus ‘todo poderoso’, embora o regime vertical (céu-terra) tivesse sido substituído por uma espécie de majestoso e infindo ‘self-service’ (chão a todos os níveis). Este nivelamento da estrutura clássica desestrutura, do mesmo modo que a coerência de todas as relações sistémicas clássicas é, na rede, ‘assistemizada’. A rede é um conteúdo extremamente eficaz, pois reúne, na sua brevidade, a larga maior parte dos mecanismos de significação do nosso dia-a-dia. A rede é efectivamente uma espécie de 'story line' de um guião maior, capaz de colocar em cena a totalidade da nossa vida actual.</span></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-84791167518054660012011-06-15T21:53:00.001+01:002011-06-15T22:01:20.593+01:00Conteúdos - cânone - 10 (dever)<a href="http://2.bp.blogspot.com/-5314-04IMos/Tfkdhp_0wuI/AAAAAAAABEQ/Ob9TQDoqCw0/s1600/a.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5618554474167845602" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 41px; CURSOR: hand; HEIGHT: 150px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/-5314-04IMos/Tfkdhp_0wuI/AAAAAAAABEQ/Ob9TQDoqCw0/s400/a.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> e</span><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Quando exprimo a ideia de dever a alguém, veiculo o que tenho a veicular. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo “dever” me diz – se for ainda possível decifrá-lo – acerca de uma certa determinação íntima para agir.<br /><span style="color:#ffffff;">e<br /></span>O que já foi tracção, contenção e freio auto-impostos passou a corresponder a uma lógica de mãos soltas. O que se faz, faz-se com fôlego de contracultura embora sem qualquer alvo a destronar. Uma liberdade que não quer ter na sua frente qualquer obstáculo que a caracterize, embora Hobbes a tivesse definido, precisamente, como uma força que se expande até ao momento em que encontra um obstáculo. Sem obstáculo, sem tracção e sem alvo, a liberdade passa a ser um corpo sem pele. O dever é a entidade invisível que separa esse corpo dessa pele. O dever é hoje uma efígie ou um enigma sem história e não já uma determinação íntima com consequências reais. Um vórtice de narcisismo, fluxo, consumo e de repetição da repetição passou a habitar a casa do dever. A ordem que no tempo das regras axiais instaurou o dever como algo natural passou da nuvem que lhe dava a natureza a um vazio ainda à procura de nome.</span> </div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-10474591299678559292011-06-15T21:21:00.003+01:002011-06-15T21:38:28.803+01:00Conteúdos - cânone - 9 (projecto)<a href="http://1.bp.blogspot.com/-s9T7XT6Lct0/TfkWsR_sWOI/AAAAAAAABEI/9uJFuPm1wgo/s1600/h.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5618546960122009826" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 155px; CURSOR: hand; HEIGHT: 200px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/-s9T7XT6Lct0/TfkWsR_sWOI/AAAAAAAABEI/9uJFuPm1wgo/s400/h.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> e e</span><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;"><span style="color:#000000;">Quando dou conta da ideia de projecto, faço o que tenho a fazer. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo “projecto” me diz sobre a quase certeza de que algo, um dia, irá encarnar ainda que sem corpo claro e definitivo.<br /></span><span style="color:#ffffff;">r w</span><br /></span><span style="color:#000000;">Projectar deixou de ser a preparação para algo acabado e orgânico. Projectar passou a ser um estado definido pela preparação inorgânica e ininterrupta. Um projecto confunde-se com um processar que não é maquínico, nem digital e que sobretudo não visa almejar metas, mas antes conter-se na realidade de um ‘work-in-progress’. Projectar significa crer no curso das coisas ou no simples decorrer em ‘media res’, sem dar confiança às ameaças de um acontecimento final. O projecto é uma recusa em sucumbir face ao acontecimento, embora seja este que o justifica. Saltando da arquitectura para o design e daí para todos os modelos projectuais do dia-a-dia, o projecto passou a ser notícia, porque a notícia também vive em estado de projecto: acontecimentos fluidos que se encadeiam na fluidez dos meta-acontecimentos. No projecto, o que avança é a tentação do acto ou, por vezes, a consolidação de uma entidade abstracta que se assume como possível. Um proto-real transitório que prefigura a hipótese plural do acontecimento, mas sem o desejar. O projecto prolonga-se no próprio projecto.</span></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-43590657722493168332011-06-14T22:55:00.003+01:002011-06-14T22:58:45.779+01:00Conteúdos - cânone - 8 (criação artística)<a href="http://3.bp.blogspot.com/-XfSjEbOBcCc/TffZB08OVYI/AAAAAAAABCs/Cov6pmMPHv0/s1600/Arraiolos3.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5618197685582321026" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 369px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/-XfSjEbOBcCc/TffZB08OVYI/AAAAAAAABCs/Cov6pmMPHv0/s400/Arraiolos3.jpg" border="0" /></a><span style="color:#ffffff;"> e</span><br /><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Quando faço arte ou comunico algo relacionado com a criação artística, faço/comunico o que tenho a fazer/ a comunicar. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo “criação artística” me diz sobre uma certa exclusividade em aceder ao inexplicável através de formas tangíveis e imagináveis.<br /><span style="color:#ffffff;">e</span><br />A imaginação foi um dos alicerces da modernidade (de Hume a Kant, a ideia evoluiu meteoricamente). A imaginação passou a ser sobretudo um dispositivo de produção ficcional que visa, a partir da tabula rasa (Damásio refere-se à mente como “contadora de histórias”), a possibilidade de tornar real dados sondados pelo sujeito. É este o alicerce do artista – que tem acesso a visões de completude ou de totalidade – sonhado pelos românticos alemães, sobretudo pelo chamado Círculo de Jena. No entanto, a estética no seu devir idealista, só se enuncia, pela primeira vez, ao longo de setecentos, porque antes haviam sido criadas condições para tal. A intemporalidade mitológica deu lugar à transcendência e esta deu lugar ao sujeito moderno criador e questionador. Entre as duas últimas etapas, o gnosticismo foi uma corrente de várias proveniências mas com duas características essenciais: uma dimensão salvífica e a aceitação da gnose como conhecimento dos mistérios reservados a uma elite. Foi sobre esta disposição superadora e de busca do inexplicável que, milénio e meio depois, foi possível teorizar e crer na arte e na estética, tal como as entendemos ainda hoje. Por outro lado, a pressuposição dos sentidos e da imaginação como vias ligadas a faculdades superiores do homem completaram o quadro e legitimaram as funções da arte e da estética no mundo moderno, elevando a dimensão criativa de todo o sujeito e atribuindo-lhe sobretudo o crédito de uma espécie de gnose exclusiva, superior e irrespondível (de que o “génio” de Kant foi apenas o prenúncio).</span></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5582764.post-85476775963561357192011-06-14T22:36:00.002+01:002011-06-14T22:39:12.506+01:00Conteúdos - cânone - 7 (fim)<a href="http://2.bp.blogspot.com/-hrP7bhFG81w/TffU4o5GpbI/AAAAAAAABCk/YZJD0GZ9YVo/s1600/tcdali_06.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5618193129682675122" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 325px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/-hrP7bhFG81w/TffU4o5GpbI/AAAAAAAABCk/YZJD0GZ9YVo/s400/tcdali_06.jpg" border="0" /></a> <br /><div align="center"><span style="color:#000000;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="color:#ffffff;">e</span></div><br /><div align="justify"><span style="color:#000000;">Quando comunico o fim de qualquer coisa a alguém, faço o que tenho a fazer. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo “fim” me diz sobre a mais absoluta fatalidade ou – há aqui uma alternativa – sobre o modo de escapar a tal absoluto.<br /><span style="color:#ffffff;">e</span><br />A dificuldade em objectivar o fim está ligada ao facto de ser impossível objectivar um tempo sem fim. O tempo sem fim que foi sendo imaginado pelo homem, ao longo de milénios e milénios, desliza da experiência à linguagem, como se a força da gravidade empurrasse tais devaneios apenas para dentro da linguagem. Na impossibilidade de clarificar estes dois contrários ‘fim’-‘tempo sem fim’, é um facto que em vez da imagem do negativo fotográfico (de tipo analógico), o que sobra – é mesmo uma questão de sobrevivência – é a ideia de que o fim não pode nunca ser uma ruptura, uma falha, ou uma queda para o abismo, mas sim um espaço derradeiro onde se tornaria possível conter o tempo. Até porque o ‘depois do fim’, tão bem representado pelas muitas teorias ‘pós-qualquer coisa’ – que emergiram nas últimas décadas do século XX –, é sempre uma varanda aprazível de onde se passou a contemplar o próprio fim. Uma varanda larga e solar que representa a continuação sine die do relato que está em vez do fim. Como se os fins se multiplicassem: um fim gerando sempre outro fim, mas todos do ‘lado de cá’ dizendo não – de vez – ao próprio fim.</span></div>LChttp://www.blogger.com/profile/02124031529641428286noreply@blogger.com