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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Inspirações electivas

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frases que parecem fáceis/ são como pedras a respirar/amadas por águas ágeis/alumiam o que as quer matar.
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It could be worth

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Da exaltação

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Há períodos que, pela sua natureza - e este parece ser um deles -, convidam avidamente a que não se tenha medo nem da tragédia, nem sobretudo da comédia. Uma e outra podem afinal ser íntimas irmãs, dando-nos a sensação de que estamos a atravessar uma ponte vertiginosa. Como se estivéssemos a sair de uma fase para entrar noutra irremediavelmente diferente. E sem quaisquer precedentes. Passagem árdua e cheia de perdas, mas também anunciadora de redenção.
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Ao fim e ao cabo, a liturgia da nossa cultura sempre passou por estes - às vezes ilusórios - estados de choque. E o importante, convenhamos, nem é tanto o choque. Nem o que se perdeu ou virá a ganhar. O importante é antes aquilo que realmente nos consegue exaltar no coração do presente. No nosso dia-a-dia. No momento em que nos encostamos ao sofá da sala, após mais um fio ininterrupto de horas a trabalhar, a porfiar ou a auscultar os mil e um sinais de "crise" que nos batem à porta, sendo o maior deles a sua própria repetição. Na televisão, na rádio ou na boca doméstica dos nossos interlocutores mais próximos.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Personagens amigos da crise

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O tempo é fértil para desenhos animados. Os personagens rocambolescos de hoje já nada têm que ver com o 'esconde esconde' do Apito Dourado. A gargalhada está agora do lado dos senadores da moral que tentam gritar mais alto do que a tempestade. É por isso que ninguém os ouve. Mas todos os vêem, claro.
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Manuel Alegre e Santos Silva fazem verso e reverso desta sátira, um dizendo-se pigmeu, o outro senador da moral intangível. O pior é quando o mais imprevisível degelo derrete os figurões e deixa à mostra a nudez do príncipe. Cinema mudo no seu melhor.

A queda de Ferreira Leite

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Não há nada pior do que um mito. Primeiro existe como sonho capaz de domar a vida, depois, tal como Ícaro, pode subitamente ver as asas a derreter. Manuela Ferreira Leite foi durante anos vista como providencial. Antes e depois da sua passagem fugaz pelo governo de Durão. Esquecendo outras viagens e outros tempos (na educação, por exemplo). Mas manteve sempre a imagem de uma ‘dama de ferro’ à portuguesa, capaz de ordem, rigor, frescura política e mobilização. Numa palavra: capaz de enfrentar o abismo com grandeza. Sondagens de lado, o que sobra hoje de tudo isso? O mar como que recua depois da maré alta. Espuma.